Plano de Atuação do Farmacêutico – CRF/CE

Desde o final de dezembro de 2019, um surto de doença de coronavírus (COVID-19; anteriormente conhecida como 2019-nCoV) foi relatado em Wuhan, China, qual posteriormente afetou todo o mundo. Em geral, o COVID-19 é uma doença aguda, mas pode também pode ser mortal, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 2%. Doença grave início pode resultar em morte, devido a maciça morte alveolar e insuficiência respiratória progressiva.

Em 18 de março 2020 de cerca de 205.425 casos foram confirmados e 8248 mortes em todo mundo, segundo Dong E, Du H, Gardner L. An interactive web-based dashboard to track COVID-19 in real time.

No dia 12 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde decreta pandemia de Covid-19. Nesse cenário o farmacêutico tem o papel estratégico no combate a disseminação do vírus SARS-Cov 2 e a patologia que provoca, a COVID-19.

Como um dos profissionais de saúde mais acessíveis e a farmácia sendo a porta de entrada de muitos pacientes que lá buscam medicamentos para suas dores, é primordial que o farmacêutico atue na linha de frente do enfrentamento da COVID-19. Para tanto é necessário que os cuidados referentes prevenção não sejam postos de lado, e que o farmacêutico assegure que todos a sua volta tenham as devidas precauções para não contaminarem-se com o SARS-Cov 2.

Os cuidados mínimos devem ser obedecidos, para que o profissional farmacêutico tenha condições de cuidar da comunidade em que está inserido, realizando seus relevantes serviços, promovendo e zelando pela saúde social. Para tanto é necessário:

  • Uso constante de mascarás cirúrgicas descartáveis;
  • Uso de óculos de proteção;
  • Uso de álcool 70% nas mãos sempre que necessário;
  • Evitar levar as mãos aos olhos, boca e nariz.

Entretanto os serviços clínicos farmacêuticos são necessários para ajudar a identificar possíveis casos de COVID-19 e encaminha-los aos serviços médico-hospitalares para diagnóstico e tratamento. Dentre esses vários serviços, a revisão da farmacoterapia, acompanhamento farmacoterapêutico são estratégicos para se identificar os grupos de risco e assim minimizar os impactos negativos da pandemia de COVID-19.

O espectro clínico da infecção do novo coronavírus é amplo. Varia de um simples resfriado até pneumonia e outros desfechos graves.

O quadro clínico inicial é caracterizado como síndrome gripal e pode evoluir para elevação da temperatura que persiste por 3 a 4 dias. A mortalidade entre os pacientes hospitalizados variou entre 11 e 15%, sobretudo em idosos, portadores de hipertensão, diabetes, coronariopatia e coagulopatias. A intensidade e frequência dos sintomas auxilia na determinação do cuidado a ser prestado.

Ao identificar algum paciente sintomático, o atendimento clínico deverá ocorrer em “área isolada da farmácia” que propicie privacidade e proteção aos demais usuários e profissionais que atuam no estabelecimento. As atividades iniciais deste atendimento estão descritas abaixo, conforme sequência de execução.

O vírus é novo e as informações sobre a doença e a pandemia estão sendo consolidadas de forma dinâmica. Estas orientações estão corretas no momento da publicação (17/03/2020). No entanto, estão sujeitas a atualizações; portanto, o uso dos hiperlinks são de fundamental importância ao farmacêutico para confirmar se as informações divulgadas ao público estão precisas e atualizadas.

Esforços colaborativos entre os profissionais da saúde para preparar, identificar, isolar e conter a COVID-19 são elementos essenciais para a efetiva resposta nacional de enfrentamento da doença.

Medidas para evitar aglomeração

• Demarcar no chão, com fita de alta adesão, o espaçamento de 2 metros para filas de pacientes sem máscara ou 1 metro para aqueles com máscara;

• Deixar frasco de álcool 70% disponível na entrada da farmácia para a utilização pelos pacientes;

• Doar máscara aos pacientes sintomáticos na entrada da farmácia;

• Distribuir senhas de atendimento e permitir a entrada, ao mesmo tempo, de no máximo 3 pessoas no interior da farmácia;

• Divulgar o serviço de tele-entrega e realizar atendimento remoto para orientar adequadamente os pacientes;

• Demarcar espaço no passeio externo da farmácia para a organização da fila;

• Criar barreira física de entrada na farmácia, como as utilizadas durante atendimentos noturnos.

Medidas que reduzem o contato com materiais potencialmente contaminados

• Paramentação de todos os funcionários em atendimento com gorro, luva, máscara, óculos de proteção e jaleco;

• Fluxo isolado para casos confirmados, casos prováveis e casos suspeitos e seus contactantes domiciliares daqueles usuários assintomáticos;

• Ambiente isolado para a coleta de material de testagem rápida e para o atendimento. Sala com porta ou tenda na porta das farmácias (aguardando posição governamental);

• Instruções de descarte adequado e identificação de lixeira específica para lenços e outros descartáveis potencialmente contaminados por usuários durante o atendimento;

• Intensificar rotina de limpeza e desinfecção do estabelecimento (inserir link de protocolo de desinfecção);

• Disponibilizar uma bandeja que permita desinfecção para que sejam colocadas as receitas dos pacientes e depois para a retirada dos medicamentos, evitando-se contato entre as mãos. Neste caso, deve ocorrer a desinfecção por técnica efetiva.

Caso Suspeito

Situação 1: Febre1 E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E histórico de viagem para área com transmissão local, de acordo com a OMS, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU

Situação 2: Febre1 E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus (COVID-19), nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU

Situação 3: Febre1 OU pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E contato próximo de caso confirmado de coronavírus (COVID-19) em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas. Entende-se como contato próximo uma pessoa envolvida em qualquer uma das seguintes situações:

1. Estar a dois metros de um paciente com suspeita de caso por COVID-19, dentro da mesma sala ou área de atendimento (ou aeronaves ou outros meios de transporte), por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual.

2. Cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica ou, ainda, nos casos de contato direto com fluidos corporais, enquanto não estiver em uso do EPI recomendado.

Analisar o risco de contato com caso de COVID-19:

a) Viajante: pessoa que, nos últimos 14 dias, retornou de viagem internacional de qualquer país.

b) Contato próximo ou contato domiciliar: pessoa que, nos últimos 14 dias, teve contato próximo de caso suspeito ou caso confirmado para COVID-19.

Medir a temperatura e avaliar outros sinais e sintomas (MS, BOLETIM 05, 14/03/2020)

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1. Febre pode não estar presente em alguns casos como, por exemplo, em pacientes jovens, idosos, imunossuprimidos ou que em algumas situações possam ter utilizado medicamento antitérmico. Nestas situações, a avaliação clínica deve ser levada em consideração e a decisão deve ser registrada na ficha de notificação.

Caso Provável de Infecção Humana

Caso suspeito que apresente resultado laboratorial inconclusivo para COVID-19 OU com teste positivo em ensaio de pan-coronavírus.

Caso Confirmado de Infecção Humana

Indivíduo com confirmação laboratorial conclusiva para o novo Coronavírus (COVID-19), independente de sinais e sintomas.

Caso Descartado de Infecção Humana

Caso que se enquadre na definição de suspeito e apresente confirmação laboratorial para outro agente etiológico OU resultado negativo para COVID-19.

Caso Excluído de Infecção Humana

Caso notificado que não se enquadrar na definição de caso suspeito. Nessa situação, o registro será excluído da base de dados nacional.

Período de Incubação

O período médio de incubação da infecção por coronavírus é de 5,2 dias, com intervalo que pode chegar até 12,5 dias. Número crescente de pacientes supostamente não teve exposição ao mercado de animais, indicando também a ocorrência de disseminação de pessoa para pessoa.

Período de Transmissibilidade

A transmissibilidade dos pacientes infectados por SARS-CoV 2 é em média de 7 dias após o início dos sintomas. No entanto, dados preliminares do Novo Coronavírus (COVID-19) sugerem que a transmissão possa ocorrer, mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas. Até o momento, não há informação suficiente que defina quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a transmitir o vírus.

REFERÊNCIAS

Brasil. Atos do Poder Legislativo. Lei n° 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Ementa: Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019.

Brasília: Diário Oficial da União. Data de publicação: 07 de fevereiro de 2020, Edição 27, Seção 1, Página 1. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo Clínico para o Novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília: Ministério da Saúde. 1ª Edição, 2020. Disponível em: .

Fan J, Liu X, Pan W, Douglas MW, Bao S. Epidemiology of 2019 Novel Coronavirus Disease-19 in Gansu Province, China, 2020. Emerg Infect Dis. 2020 Mar 13; 26(6). doi: 10.3201/eid2606.200251.

Federação Farmacêutica Internacional, Conselho Federal de Farmácia. Orientação Sanitária da FIP. Epidemia por Coronavírus SARS-CoV-2: Informações e diretrizes provisórias para farmacêuticos e colaboradores da farmácia. The Hague: FIP/CFF; fevereiro de 2020. [Tradução para o Português: Gonçalo Sousa Pinto]. Disponível em: https://www.fip.org/coronavirus

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